quinta-feira, 30 de abril de 2009
Um encontro, poucas palavras e se afigura um pacto de laceração mútuo. Percebemos rapidamente que vamos repetir algo que já era sabido desde o início, vivido infinitas vezes antes por outros amantes/amores, mas que nunca houve antes dessa exata forma. O amor nunca teve embaixador mais adequado. Eu olho enviesadamente para seus olhos que me enviam mensagens silenciosas e ouço palavras bem explicadas com todas as vírgulas e exclamações nos seus devidos lugares, mas não quero ouvi-lo. Quero beijá-lo. Quero saber o que ocorre no centro do seu mundo. Quero saber se sente a dor da ausência da minha carne, da minha compleição úmida e da minha embriaguez natural. Amor e sexo são coisas que sempre afastaram as pessoas. O porquê disso nunca entendi. Todos nós temos nossas próprias definições dessas palavras. Vivo o hoje como se o amanhã não fosse chegar, mas ele chega e com ele repõem minha dor com todos os seus cristais e espinhos. Seus muros e murros. Vivo como uma sombra narrada por um idiota. Eu aceito o meu caos. Despedaço-me intimamente aos olhos de todos, mas não sei se ele me aceita. Sei que de sua boca saem palavras lindas, redondas e rebuscadas. Mas o que eu quero é o tremor que seu beijo provoca e suas palavras impensadas e ricas de uma inutilidade que só as coisas mais essenciais contem em substância. Peço-te um beijo e de repente, não sei por que, mas se torna tão difícil respirar. É uma sensação ardente, pesada achar que algo é esperado de voce e não saber o que é. É como ver sua vítima pendurada numa árvore. Só tenho dez dedos e quero abraçar todas as partes do seu corpo, mas não posso te salvar. Você não pode me beijar. Cada fuga sua esfaqueia a verdade e junto com ela minha recém instaurada constância se dissolve demonstrando sua fragilidade. Acho que nasci tarde demais. Nossos lábios ficaram tão próximos que nossos hálitos se abraçaram. O que você vai dizer quando chegar em casa? Algo te aflige, mas você não sabe o que é. Algo me diz para tomar cuidado com o amor. É vacilante e temporário. O seu amor é como um estômago gigante e eu apenas alimento. Devora-me com ânsia e depois de saciado me vomita. Você se vai e tudo se acaba em uma confusão de perfumes. Foi quando me senti só. Tome sua boca de volta. Obrigado pelo empréstimo. Porque os relacionamentos são sempre ambíguos e eu continuo falhando em me comunicar. Por que eu não sou o que sou e continuo a me culpar mesmo não tendo culpa. Porque cada fracasso me distanciou mais de mim mesmo e de você. Por todos esses motivos e outros ainda desconhecidos. Devo ir embora. Mas não posso. Não sei o caminho de saída.
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3 comentários:
"O seu amor é como um estômago gigante e eu apenas alimento. Devora-me com ânsia e depois de saciado me vomita."
Dan...tô add seu blog ao meu tá?
bjos..saudade!
Só uma palavra: Lindíssimo.
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