terça-feira, 17 de novembro de 2009

Memórias dissolvidas em amor-dor

Foi uma traição que nos levou ao fim. Minha, que fique claro. Você chama de traição e eu digo que não. Que importa? Preciso me apaixonar toda hora. Sou um enorme monstro movido pela carência. Por isso meu ex-namorado, de quem eu realmente gostava, não quis mais saber de mim: não sou capaz de ficar com uma pessoa só. Consigo amar uma só pessoa e essa pessoa era ele, mas preciso de novidade constante. De­pois de quase quatro meses nos abandonamos. O que fazer? Tentar explicar? Não adianta, ninguém entenderia, nem eu. De repente, o amor da minha vida passou a se referir a mim como “a cilada”. Suspiro. Love is suicide.

Tinha duas opções: ou chorava, chorava e esperava passar, ou saia por aí me divertindo dentro do possível e comendo pessoas. Sentir algo que não seja dor é bom nessas horas. Talvez fumar maconha. Tivemos uma daquelas noites lindas e inesquecíveis chapados. Só que quando fumo maconha, todas as pessoas se tornam escrotas, seus poros aumentam, elas suam, e parecem caricaturas de si mesmas. Já perdi o tesão mais de uma vez por causa da marijuana. Cada um com os suas paranóias. O meu problema era achar alguém minimamente interessante, e não estou falando de sexo. Aquela história de comer pessoas é só um analgésico. Não era isso. Definitivamente, não quero isso.

Não adianta, não aprendo, não entendo que amor dói. Amor vai sempre doer. Passei a semana seguinte tentando fazer com que ele me escutasse. Todo dia fazia o trajeto para o trabalho dele ouvindo “Espumas ao vento” de Elza Soares. E a Elza Soares estarra qualquer falsa diva pop. Olha, não é por mal, mas essas donas que se acham divas deveriam lavar calça jeans no tanque durante o inverno. Lady Gaga deveria lavar lençol com sabão de coco. Sabe? Esfregar mancha em camisa branca e ainda ter que passar calça com pregas. Favor, descer do pedestal!

Pronto, falei! Cansei desse mundinho pop. Tudo é vaidade nesse mundo vão. Tudo é pop, é nada. Quem acredita nesse sonhos que eles vendem é porque já tem a alma morta. O mal da vida cabe nos seu braços e abraços.. Não me agradam esse homens bem fracionados no tempo, cedendo sempre amavelmente em todas as ocasiões. E mais, também não me agradam os partidários tão vários de toda a moderação. Todos perfeitamente de direita ou de esquerda. Tenho vontade de dar Adeus. Adeus, moderados. Adeus, que sou diferente: compreendo a mulher que rasga as roupas e sinto imensa ternura pelo homem desesperado.

Mas você me dá vontade de viver. Você não é como os outros. Como viver sem você? I Just can’t do this one more time. Desta vez as coisas foram diferentes. Não foi o seu cheiro inconfundível nem os lençóis que me oprimiam a cada vez que dormia sem você. Eu queria você em um beijo aberto e apaixonado sem memória e futuro. Prazer desintegrado no infinito amor de nossos corpos. Eu simplesmente não quero-sei mais viver sem você. Pro diabo se à minha frente tem uma cidade inteira com as pernas abertas. Passei uma longa e interminável semana tentando convencê-lo de que não era esse monstro. Interminável. demoras me corroem, quero tudo na hora. É nisso que dá ser filho único.

Eu lembro da primeira vez que te vi. Palpitações. Você vestia uma calça skiny e uma camisa da Madels. Lindo! E não parecia ter ficado duas horas na frente do espelho. Muito pelo contrário, parecia estar com aquela roupa há três dias. Magro. Lânguido. Descabelado e com o nariz empinadinho. Se eu soubesse desenhar um homem que não parecesse um bonequinho da forca, seria algo próximo a voce. Eu queria que você me entedesse, ouvisse: Eu gosto de você! Compreende? Eu tenho por você uma doidice... Falo, falo, nem sei o que, mas gosto de você. Eu pareço um louco? Mas que fazer para explicar isso? Eu procuro um jeito. Vive-se de palavras e é preciso que eu consiga exprimir, explicar, traduzir. Eu te amo, te amarei para sempre e quero ser seu.