quinta-feira, 30 de julho de 2009
História(s) em um teatro
O que fiz para te afastar? A minha permanente ansiedade diante de situações novas e dos perigos de me perder? Essa marca no meu rosto, esta reveladora camada subcutânea de tensão, meu olhar agudo, aflito e incompleto? Talvez tenha sido o meu viver com essa eterna sensação de estar trafegando à beira de um abismo, como se eu não fosse sólido mas apenas um negativo de uma outra pessoa. Tive relações doentias que me arrastaram cruelmente e estéreis que foram à loucura. Você me deu os unicos hiatos de felicidade quando acreditei que o amor me recuperaria a um estado sonhado de ausência dor que nunca vivi em minha vida desperta, como se a peça que faltava em mim pudesse voltar ao seu local original e tudo ficaria bem. Mas ela não voltou. Eu tive voce e fomos felizes como nunca sonhei que duas pessoas pudessem ser mas já estava ferido o suficiente e vivia como se esse instante fosse acabar no momento que voce me descobrisse quem eu era, sem mais camadas entre o que eu me mostrava e quem eu achava que era. Perdi-te da forma que voce sempre me disse que seria a única forma possivel de perdê-lo: para mim mesmo. Sou como um erro que vive apesar dele, porque também somos aquilo que perdemos. Como quem confessa um crime te contei todos os meus pecados e você não pôde me perdoar. Seu olhar ausente, feito na medida do meu corpo. Mal nos conhecemos e já nos percebemos como pessoas que se encontram pelo caminho e não podem mais se separar. Mas nós nos deixamos, sem mal termos nos encontrado. Sinto uma dor por ter te perdido e com você esse sentimento que você me trouxe de uma outra era, que agora parece tão distante, era na qual ainda acreditava no amor. Mais do que te perder, perdi uma recém reinstaurada crença, que de tão jovem e já natimorta, penso que dessa vez pode ser para sempre. Um coração pode se partir e continuar batendo, mas como se dizer adeus a uma pessoa que você nunca imaginou ficar sem. Eu preciso ir até onde não possa mais ir. Sinto vontade de pedir, de implorar: Não vá ainda, eu tenho tempo, devore-me. Deforme-me até que eu fique feio, irreconhecivel e depois me ame em todas as minhas imperfeições. Mas foi tudo tão rápido e insólito que não tenho coragem. Acho que foi tudo um sonho só meu. Você, a única parte do mundo real que não me causava alergia. Mas não era real. Foi um sonho que inventei. Talvez porque precisasse. Talvez. O amor me dá a ilusão de jamais esquecer. Reter aquele instante para sempre. Mas você já vai embora. Me pergunto no que falhei. Não quero que você se vá tão cedo, mas não podemos pegar as pessoas para sacudi-las com força para que nos olhem. Não escrevo para te pedir que fique porque sei que não adiantaria. Também não quero nos transformar em arte usando de palavras cuidadosamente escolhidas. Nosso desencotro não é, não pode ser um quadro de parede. Ele jamais pode ser estetizado. São só cruas memórias que se dissolverão. Você se foi, se levantou promentendo voltar. Eu esperei com aquela esperança desesperançosa que você voltasse, mas seu olhar já tinha me avisado que você não voltaria. Ficou apenas esse chão onde estou, nesse exato tamanho, nenhuma aura a mais. Como quem desaba, não como quem acorda, me deparo com sua ausência, mergulho na sensação de não retorno, uma memória inútil me descrevendo imagens de alguns minutos atrás. O corpo exigindo o choro e eu me negando a esse direito. Essa brutalidade talvez faça sentido. Sou um rapaz ansioso e desagrádavel. Agora estou sozinho, exatamento como nos meus planos. Não lembro mais como era antes da dor, porque acho esse momento não existou. Ultimamente tenho afirmado que estar só é o que desejo, mas agora me soa mais falso que um jardim da Disney. Só fantasmas tem me visitado mas você me deu vontade de amar. Tudo poderia ser de outra forma, mas o tempo é irredimível. Adeus meu amor. Prometo que não vou chorar. Meu coração se partirá em mil pedaços antes que chore mais uma vez. As pessoas imprevistas não podem fazer parte do mundo real. Viva la vida.
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